ROBÉRIO BRAGA – Civismo e brasilidade

 

Robério Braga

Não é de agora que, principalmente nas proximidades da Semana da Pátria, me vem à lembrança os tempos idos nos quais nós, os estudantes, vibrávamos de brasilidade e civismo todos os dias ao cantarmos o Hino Nacional antes de adentrarmos às salas de aula, ainda no Grupo Escolar “Antônio Bittencourt” e “Marechal Hermes”, nos quais estudei, mas era comum suceder nas demais unidades de ensino. Ao mesmo tempo, esperávamos ansiosos pelo ingresso no Curso Ginasial, o que nos permitiria participar dos desfiles cívicos de 5 e 7 de Setembro, em demonstração pública de amor à Pátria.

Eram momentos especiais na trajetória de qualquer aluno da rede pública de ensino e de alguns colégios vinculados à iniciativa privada, principalmente os de direção religiosa católica, como o Dom Bosco, N. S. Auxiliadora, Doroteias e Benjamin Constant. Os preparativos, que se compunham de ensaios de marcha, de apresentação de espada em continência às autoridades, de condução garbosa da Bandeira do Brasil e da Bandeira do Amazonas – que era a maior de todas as honrarias -, de preparação da Banda de Música, de treinamento das “balizas” – as mais belas “cunhãs” que nos encantavam a todos…tudo era experimentado com forte emoção e consciência de que reverenciávamos nosso País, nossa nacionalidade, nossa brasilidade e, no caso, a brasilidade amazônica de que tanto nos orgulhamos.

Tenho vivo – posso dizer – todos esses momentos, sejam guardados na memória que dizem ser privilegiada, como em fotos, noticiário de imprensa e, sobretudo, cravados na alma e no coração, ritmados pelo soar da caixinha principal da Banda do Instituto de Educação na qual sucedi a alguns mestres, sem o brilho com o qual eles se apresentavam.

Ao mesmo tempo, o professor José Braga e depois os estudantes Lauro Henrique Machado e Lourenço Braga organizavam a Olimpíada Artístico-Cultural do IEA em cujas edições vários alunos foram premiados em concursos de História, Ciências, Geografia, Oratória, Literatura e esportes. Era sucesso! A vibração estudantil e a participação dos professores davam um toque particular a esse período do ano.

Na Universidade, vivi o período no qual em todas as salas de aulas foram introduzidas bandeiras brasileiras, como forma de reverência permanente e de estímulo à consciência de que nos preparávamos para servir à Nação. Esse movimento foi liderado pelos próprios estudantes da Faculdade de Direito e teve boa repercussão.

No exercício de funções públicas – das quais me orgulho, sem jactância – pude emprestar a minha modesta contribuição na Comissão Estadual de organização desses festejos contribuindo com inovações com a transferência dos desfiles para a Av. Djalma Batista, a decoração da avenida, a instalação de arquibancadas para o público, as palestras radiofônicas e presenciais nas escolas públicas feitas por personalidades importantes do magistério e das letras, a instituição da Comenda do Mérito Estado do Amazonas, a retomada das sessões solenes na sede do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas.

Esse cenário correspondia, inteiramente, aos ensinamentos que tivemos em casa com nossos pais – Lourenço e Sebastiana -, exemplarmente atentos a estas questões que, para meu desalento, não mais estão sendo valorizadas, foram deixadas à margem e têm sido desmerecidas na fase de formação dos jovens.

Diante de tantas dificuldades que temos atravessado e de um mundo globalizado, cada vez mais se faz necessário reforçarmos esses valores – de civismo e brasilidade – inclusive para fortalecimento do caráter nacional.

*O autor é advogado e membro da Academia Amazonense de Letras

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *