ROBÉRIO BRAGA – Um hino para o Amazonas
Não sei se este foi o primeiro hino preparado para representar a composição simbólica oficial o Amazonas, ainda ao tempo da província pelos idos de 1867, mas cumpro o prazeroso dever de comunicar aos leitores que me honram nesse canto de página que, em pesquisa minuciosa nos arquivos de imprensa manauense, encontrei estes versos traçados por autor desconhecido, que assinou somente com a letra “A.”, com o oferecimento para ser cantado em ocasião especial, naturalmente em uma das festas e saraus de intelectuais da época.
O que bem sei é que não foi este que me foi ensinado, e com maestria, pela adorável professora de Canto Coral, Cleomar Feitoza, quando aluno do Instituto de Educação do Amazonas e costumávamos apresentar em qualquer festividade escolar, no período que por lá estive de 1962 a 1969. Nem foi o hino concebido por Vivaldo Lima, no afã de ornar o Amazonas com os seus símbolos oficiais. Sei, também, que não se trata da letra emoldurada de vigor criada por Jorge Tufic Alaúzo e que se fixou como Hino Oficial do Estado por iniciativa do governador José Lindoso em concurso público coordenado pelo poeta Elson Farias, quando secretário de Comunicação Social. O hino que mereceu a música de Claudio Santoro.
De todo modo, como não poderia deixar de ser, esses versos demonstram a visão da geração provincial e foram apresentados em sessão da Sociedade Dramática “Thalia”, em 5 de setembro de 1867.
Disse o poeta:
“De setembro dia cinco,
Como estrela, resplandece
Neste império que guarnece
Das Amazonas o rio.
Desta terra a vastidão
Yanes Pinzon descobriu
E da província o futuro
João Aranha previu.
Em seus seios tem grandeza
Ouro e prata têm bastante
Tem minas de diamante
Como ninguém inda viu.
(repetir o refrão)
Desta terra a vastidão
…………………………
Suas madeiras mui rijas
D´Eldorado as tradições,
As suas mil produções
A si o mundo atraiu
A “Sociedade Dramática Thalia” por algum tempo tirou a população da cidade do torpor da falta de divertimento artístico como diziam os jornais da época, apresentando dramas e comédias, “quadros vivos onde se castiga o vício e se exalta a virtude”, inclusive com textos de Bento Aranha, em casa de quem os interessados mandavam recolher os ingressos para os espetáculos de teatro, mas a euforia durou pouco e a sociedade foi encerrada pouco tempo após sua criação e não se tem confirmação se o Hino do Amazonas foi oficializado, para gáudio do autor ainda não identificado.
*O autor é advogado, membro da Academia Amazonense de Letras