A pedido do MP, Justiça manda prefeita de Nhamundá explicar como gastou R$ 33 milhões dos royalties do petróleo

Prefeita tem 60 dias para informar gastos, sob pena de multa diária de R$ 10 mil, limitada a R$ 500 mil; Justiça mandou cancelar também contrato milionário com advogados

Marina Pandolfo, prefeita de Nhamundá

 

DEAMAZÔNIA NHAMUNDÁ, AM – As receitas de royalties do petróleo recebidos pelo Município de Nhamundá devem ser informadas no portal da transparência, em até 60 dias, sob pena de multa diária de R$ 10 mil, limitada a R$ 500 mil.

É o que decidiu a Justiça, após ação civil pública (ACP) do Ministério Público do Amazonas (MPAM) com foco na ausência de informações sobre a destinação dos milionários valores já repassados.

O município também deverá suspender o contrato nº 033/2021, celebrado com uma empresa de advocacia em condições ilegais. A multa por descumprimento é de R$ 50 mil, por cada pagamento indevidamente realizado.

Segundo a promotora de Justiça, Ana Carolina Arruda Vasconcelos, Nhamundá recebeu mais de R$ 33 milhões em royalties, mas a população continua convivendo com a precariedade de serviços públicos essenciais. Para a promotora, a falta de transparência compromete o direito da coletividade de exercer o controle social sobre os recursos públicos.

“Apesar do ingresso vultoso de recursos, os cidadãos não conseguem visualizar melhorias concretas na saúde, na educação ou na infraestrutura, e não há clareza sobre como o dinheiro vem sendo utilizado”, ressaltou.

O Portal deAMAZÔNIA denunciou o caso da farra dos royalties, em Nhamundá, e questionou a falta de transparência na aplicação dos recursos. A prefeita se irritou com a matéria e publicou um vídeo nas redes sociais comentando que o conteúdo “disseminava desinformações e mentiras”. A Justiça provou o contrário.

Ainda durante a investigação, o Ministério Público do Amazonas identificou duas irregularidades principais: a sistemática opacidade do município sobre os gastos e a contratação de um escritório de advocacia em condições ilegais.

Conforme apurado, o contrato foi firmado sem atender aos requisitos para a inexigibilidade da licitação e possuía características de contrato de risco, modalidade proibida pela legislação.

Estima-se, ainda, que o escritório advocacia já tenha recebido mais de R$ 6 milhões do erário municipal.

O Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) já havia reconhecido essas irregularidades, reforçando a necessidade de responsabilização. Diante disso, o MPAM ajuizou a ACP, pedindo medidas urgentes para resguardar a legalidade e o interesse público.

A promotora Ana Carolina Arruda Vasconcelos reforçou que a ação não discute o direito de Nhamundá ao recebimento dos royalties, mas a correta gestão desses recursos.

“Nossa atuação visa restabelecer a legalidade e devolver à população nhamundaense o direito à transparência na gestão dos recursos extraordinários destinados ao seu desenvolvimento”, afirmou.

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