ROBÉRIO BRAGA – Na boca da urna

 

Robério Braga

À proporção que vão se aproximando as eleições municipais de outubro, cresce, substantivamente, o interesse do eleitor por acompanhar a propaganda política apresentada pelos partidos e seus candidatos, seja a prefeito, seja a vereador de Manaus, oportunidade singular para ser possível garimpar, dentre tantos nomes de homens e de mulheres que ser apresentam com esse interesse, os mais preparados ou com melhores propostas para a solução de problemas que nos afligem, que são muitos, alguns bastante antigos e outros tantos que se agravam a cada ano.

Estamos, como se dizia antigamente, quase na boca da urna, ou seja, na hora especial em que o cidadão, em um país democrático como o nosso, apesar de todos os percalços a que temos sido submetidos, exerce o direito e cumpre o dever de votar para escolher seus representantes de forma direta, secreta, eletrônica, segura e livre.

De todos os fatores que devem ser levados em consideração, tomo a liberdade de sugerir aos leitores que, assumindo a posição de eleitores, examinem a vida pregressa dos interessados ao exercício desses cargos em disputa, procurem descobrir – em meio a esse monte de despautérios que sempre se repetem diante das câmeras em ocasiões dessa natureza -, procurem descobrir o que os candidatos a Prefeito anunciam como programa de governo e o que os candidatos a vereador se propõem a operar se eleitos.

O que vejo, em muitos casos, é que alguns se perdem em promessas e afirmações vãs, distantes da realidade e factibilidade, e até mesmo completamente fora das atribuições de um vereador e de um prefeito e à margem das competências legais da municipalidade.

Se a pessoa se apresenta diante da população de sua cidade pretendendo ser escolhido para o exercício de tão relevantes funções de elevado interesse público e nem ao menos conhece as atribuições dos titulares de tais cargos, não deve – a meu sentir – merecer a sua atenção e muito menos o seu voto, posto que não estará preparada para o cumprimento desses encargos e a satisfação do bem comum.

As alegorias folclóricas (expressão que uso respeitosamente para melhor expressar as propostas despropositadas que surgem no programa do horário eleitoral gratuito) lançadas à guisa de conquistar o eleitor desavisado ou responder a projetos assemelhado apresentado por um concorrente, são antigas e, como sabemos, logo esquisitas pelo eleito e, infelizmente, até pela maioria dos eleitores.

Nesse sentido basta lembrar das inúmeras “soluções” para o transporte coletivo urbano, para o déficit de creches, para a insuficiências de vagas em escolas públicas municipais, para a construção de moradia popular, e muitas outras que, apresentadas com vigor e certa ênfase durante as campanhas, são esquecidas no curso dos mandatos.

A “solução” mais destacada da atual campanha tem sido relativa ao enfrentamento do problema da segurança pública, que pode muito bem ser minimizada pela ação do Município, com algumas dessas medidas feitas de forma séria e contínua: a verdadeira melhoria da iluminação pública, incluindo a sinalização de trânsito horizontal;  a eliminação de imóveis abandonados no centro antigo que poderiam ser arrecadados pela municipalidade e utilizados adequadamente; a criação de shoppings populares que eliminassem os vendedores em via pública e conferissem dignidade a esses importantes trabalhadores; a animação cultural permanente em praças e logradouros; a participação da Prefeitura na geração de emprego e renda com estímulo à construção civil e a serviços por administração direta em calçadas, meio fio e ajardinamento; a abertura de oportunidades para os jovens em formação e atuação profissional em suas zonas de residência; a utilização da guarda municipal para proteção dos bens públicos municipais, pelo menos…, por exemplo.

Na boca da urna, é a vez do cidadão dizer sim ou não a políticas públicas de verdade e fugir dos enganadores de plantão.

*O autor é advogado e membro da Academia Amazonense de Letras

 

LEIA TAMBÉM 

SSP-AM utiliza tecnologia para auxiliar no combate à criminalidade no Amazonas

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *