PF conclui a investigação sobre ‘QG do Crime’ durante eleições em Parintins
Escândalo de suposto envolvimento de secretários estaduais e alto comando da PM com facção criminosa na eleição para prefeito em 2024
DEAMAZÔNIA MANAUS, AM – A Polícia Federal concluiu, na manhã desta quarta-feira, 27/8, o inquérito instaurado após a deflagração da ‘Operação Tupinambarana Liberta’, no caso que ficou conhecido como “QG do Crime”, em Parintins, nas eleições de 2024.
Cinco agentes públicos, entre secretários estaduais e alto comando da PM, foram formalmente indiciados e deverão responder pelos crimes de organização criminosa, corrupção eleitoral e abolição do Estado Democrático de Direito.
A investigação apontou que o grupo criminoso teria utilizado parte da estrutura do governo estadual, inclusive com apoio de membros da força policial, para favorecer uma chapa da então candidata a prefeita de Parintins, a vereadora Brena Dianná.
As práticas identificadas envolvem compra de votos e ações voltadas a impedir o livre exercício do direito ao voto.
Brena Dianná (União Brasil) disputou a eleição contra o atual prefeito Mateus Assayag (PSD). A então vereadora era favorita a vencer as eleições em Parintins até o escândalo vir à tona.
O inquérito já foi encaminhado ao Ministério Público Eleitoral, que analisará os elementos apresentados e decidirá pelas medidas judiciais cabíveis. A pena somada dos crimes investigados pode chegar a 20 anos de reclusão, considerando as qualificadoras previstas em lei.
SOBRE A OPERAÇÃO
A apuração teve início a partir de uma notícia de fato apresentada pelo Ministério Público Eleitoral de Parintins no dia 16 de setembro de 2024.
Durante as diligências, surgiram indícios de que líderes comunitários ligados a uma facção criminosa nacional estariam ameaçando eleitores e impedindo a circulação de candidatos em determinadas áreas da cidade.
Além disso, os investigadores encontraram sinais de omissão deliberada por parte de agentes públicos para beneficiar a candidatura favorecida, bem como provas de que o grupo monitorava adversários políticos e até mesmo os deslocamentos de equipes da Polícia Federal, numa tentativa de obstruir a atuação da corporação.
A operação Tupinambarana foi deflagrada no dia 3 de outubro e contou com o apoio da Corregedoria da Polícia Militar do Amazonas, que acompanhou a execução das ordens judiciais contra os policiais militares envolvidos.