MARCELO RAMOS – O cenário político eleitoral adiantou e, hoje, é pró-Lula.
Sempre que apresentava análise de cenário político-eleitoral para os meus clientes indicava que a curva de popularidade do presidente Lula começaria a inverter a partir do início de 2026 movida pela isenção e desconto do Imposto de Renda, pelo programa Gás do Povo, pela nova tarifa social de energia, pela consolidação da queda da inflação dos alimentos e pelas entregas naturais de um último ano de governo que coincide com o ano eleitoral.
O episódio do “tarifaço” imposto pelo presidente Trump com seus efeitos sobre setores da economia e da política no Brasil trouxe de volta para agenda política nacional as palavras SOBERANIA e DEMOCRACIA, e adiantou a curva de aprovação do governo do presidente Lula.
Como li em algum momento, “Lula sentiu o cheiro de sangue e atacou”.
Com as atabalhoadas falas do ainda deputado federal Eduardo Bolsonaro, avalizadas por figuras como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, por um lado, e a ofensiva de autoridades e até da Embaixada Americana contra a independência do Judiciário nacional, a direta ofereceu ao presidente Lula o “sangue” necessário para que ele saísse da defensiva, até ali imposta por derrotas no Legislativo que o encurralava com uma aliança do “centrão” com a extrema direita.
Agregue-se a inelegibilidade do ex-presidente Bolsonaro, a falta de unidade em torno de outro nome da direita e o risco de, com a saída de Tarcísio (hoje o candidato mais viável da oposição) para concorrer a presidência, a direita perder o Brasil e São Paulo que, do ponto de vista orçamentário é o segundo país da América do Sul.
Lula, com o faro apurado de quem já ganhou direta ou indiretamente 5 eleições presidenciais, reduziu a centralidade do diálogo com a Câmara dos Deputados e passou a falar diretamente com o povo, vetou o aumento do número de deputados, reagiu publicamente a PEC da Blindagem, abraçou-se com valores relacionados a soberania e democracia e enfrentou, ainda que com diplomacia e sem exageros, o governo americano.
E assim a aprovação do governo Lula ganhou um viés de crescimento ainda sem os efeitos das medidas sociais (IR, gás para todos, tarifa social de energia) e sem as entregas tradicionais do último de governo.
Esse cenário indica que Lula inverteu as expectativas daqueles que acreditavam caminhar para a derrota e, mesmo os agentes do tal “mercado” com as suas análises enviesadas por antipatia ao presidente, já consideram o atual presidente franco favorito para as eleições de 2026.
Esse é o cenário de hoje, mas a eleição não é hoje. Então, vamos seguir acompanhando e avaliando.
*O autor é advogado, professor e consultor. Fundador da Eldorado Z Consultoria Estratégica Ltda.