Brasil registrou mais de 75 mil estupros em 2022, maior número da história

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o último ano registrou um aumento em todos os indicativos de violência contra a mulher

O número de vítimas de estupros em 2022 foi de 74.930, o maior já registrado em toda a história. O crescimento sobre a base do ano anterior foi de 8,2%. Os dados correspondem ao total de vítimas que formalizaram denúncias em delegacias de polícia, o que faz pressupor uma expressiva subnotificação.

Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (20), no Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. 

O número de estupros de vulnerável, que é quando a vítima tem menos de 14 anos de idade ou não tem condições de consentir, também foi o maior da série histórica, com 56.820 casos, enquanto os demais ficaram em 18.110 ocorrências. Mais de seis em cada dez vítimas estão na faixa de 0 a 13 anos (61,4%).

Entre os números gerais de estupro, também fica claro que o inimigo mora dentro de casa, tendo em vista que 68,3% das ocorrências registradas foram nas residências das vítimas, e 9,4%, em vias públicas. Do total, 75,8% eram incapazes de consentir, fosse pela idade (menores de 14 anos), ou por outros motivos, como deficiência, enfermidade, etc.

No que se refere aos autores de estupros de vítimas de 0 a 13 anos, 86,1% são conhecidos delas, sendo 64,4% dos autores familiares. Quanto às vítimas de 14 anos ou mais, 77,2% dos agressores são conhecidos, e quase um quarto (24,3%) dos autores desses crimes são parceiros ou ex-parceiros íntimos. “É muito provável que parte significativa das notificações decorra de estupros de vulnerável iniciados e/ou ocorridos durante o lockdown, mas que só vieram à tona quando as crianças voltaram a frequentar as escolas”, observa Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. “E esse cenário, infelizmente, não é uma exclusividade do Brasil”.

Pessoas negras continuam sendo as principais vítimas da violência sexual, mas a proporção cresceu. Se, em 2021, 52,2% das vítimas eram pretas ou pardas, no ano passado o percentual subiu para 56,8%.

O Anuário 2023 mostra que o volume de crimes contra as mulheres aumentou de um ano para o outro. A taxa de feminicídios cresceu 6,1% (1.437 casos), e os assassinatos de mulheres tiveram alta de 1,2% (4.034 casos). Sete em cada dez vítimas de feminicídio foram mortas dentro de casa.

Todos os indicadores de violência doméstica cresceram: em 2,9% a taxa de agressões por violência doméstica (245.173 casos); em 7,2% o número de ameaças (613.529 ocorrências). O número de chamados ao 190 foi de 899.485, o que corresponde a 102 acionamentos por hora, indicando um crescimento de 8,7% sobre a base do ano passado. O número de Medidas Protetivas de Urgência (MPU) concedidas foi de 445.456 em 2022 (crescimento de 13,7%).

O número de casos de assédio sexual registrados, em 2022, foi 6.114, o que configura um aumento de 49,7% em relação ao ano anterior. Já o crescimento de ocorrências de importunação sexual foi de 37,0% (27.530 casos).

Foram registrados, em média, 147 casos diários de stalking (total de 53.918 registros). Já os casos de violência psicológica foram 24.382 em 2022.  

A violência contra crianças e adolescentes também aumentou. Cresceu em 14% o número de abandonos de incapaz, em 13,8% o de registros de maus-tratos, e, em 16,4%, a quantidade de ocorrências de exploração sexual infantil. Foram 22.527 crianças e adolescentes  vítimas de maus-tratos, de acordo com o número de registros de 2022. Do total de vítimas, 60% tinham entre 0 e 9 anos.

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