JOSENILDO SOUZA – A Amazônia, o Amazonas e o Alto Solimões à espera de mais universidades públicas

Nos últimos anos ganhou corpo movimento de luta por mais uma universidade pública federal no maior estado da federação, o Amazonas. Com os Diálogos Amazônicos, os debates em torno dos desafios que busca traçar um novo projeto civilizacional centrado nos ecossistemas da maior floresta tropical do mundo, A Amazônia, reforça a necessidade de mais universidades públicas para a região no bojo da Cúpula da Amazônia como um dos seus resultados. É o que espera a sociedade civil, os movimentos sociais, os pesquisadores e à academia.

As notícias estampadas em jornais revelam as tendências que vêm de Brasília e acalentam os anseios da população da região com a criação de mais universidades públicas, onde se localizam municípios com os maiores índices de desigualdades sociais do Brasil. 

Os prefeitos que compõem os municípios do Alto Solimões, criaram o G9: grupo que reúne os prefeitos dos municípios de Benjamin Constant, Tabatinga, Atalaia do Norte, São Paulo de Olivença, Amaturá, Santo Antônio do Iça, Tonantins, Fonte Boa e Jutaí, todos do Alto Solimões. Em recente estada em Brasília, o presidente do G9, David Bermeguy, prefeito de Benjamin Constant, pleiteou junto ao ministro da educação Camilo Santana, a criação de uma universidade pública federal.

No alto Solimões existem dois Institutos Universitários: um localizado no município de Tabatinga, unidade da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e outro no município de Benjamin Constant, vinculado a Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

Este movimento por mais universidades públicas no Amazonas não é novo. O livro de Djalma Batista “O Complexo da Amazônia” já traz indicações que, para superar o subdesenvolvimento, o atraso e as desigualdades sociais na região, era e é necessária a criação de universidades e centros de pesquisa.

Em 2019, no município de Benjamin Constant, audiência pública, liderada pela Comunidade Acadêmica do Instituto de Natureza e Cultura da Ufam, em parceria com prefeitos da região do G9 debateu a criação de uma universidade federal para o Alto Solimões que teve a participação do reitor Sylvio Puga, deputados Estaduais e Federais do Amazonas.

Em Brasília, deputados e senadores da bancada do Amazonas, já defenderam e pleiteiam a criação de mais universidades. João Pedro (ex-senador), Marcelo Ramos (ex-deputado federal), José Ricardo (ex-deputado federal) e com mandatos Átila Lins (deputado federal), Sidney Leite (deputado federal) e de modo geral toda a bancada amazonense, em uníssono, são favoráveis a criação de nova universidade na região do Alto Solimões, no município de Benjamin Constant.

Em 2008, o ex-deputado estadual Berlamino Lins, defendeu a criação de uma nova instituição superior com o nome de Universidade Federal do Alto Solimões. O irmão dele, o deputado federal, Átila Lins, apresentou, neste mesmo ano, PL ( Projeto de Lei) para que esta nova universidade fosse criada em Benjamin Constant.  Ainda na Câmara dos Deputados, em maio de 2023 ,o deputado federal, Sidney Leite, propôs ao MEC a criação da universidade do Médio e Alto Solimões e reforçou o pedido em reunião com Camilo Santana.

Também, no ano de 2008, o Projeto de Lei 3865 de autoria do então senador João Pedro (PT) trazia a proposta de criar a Universidade do Pacto da Amazônia, com sede em Manaus, Estado do Amazonas(AM).

Estes registros são importantes para mostrar a luta dos riberinhos, caboclos, quilombolas e povos originários que reivindicam a melhoria da qualidade de vida de suas populações, como forma de emancipar sua gente e qualificar estes segmentos para o avanço da pesquisa e da ciência.

E o desenvolvimento sustentável na Amazônia passa, necessariamente, pelo desenvolvimento sustentável da educação nas Amazônias. Isso é o que sugere o título do livro “O Desenvolvimento Sustentável na Educação Amazônica”, lançado em 2021, que lançamos pela editora Alexa Cultural e Editora da Universidade Federal do Amazonas (EDUA) e que nos remete aos debates dos Diálogos Amazônicos, Cúpula da Amazônia [ hoje em debate em Belém], e ao papel da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) e do Polo Industrial de Manaus (PIM).

* O autor é professor da UFAM e doutorando na Universidade Federal de Pelotas. É autor do livro ‘O Desenvolvimento Sustentável na Educação Amazônica: o uso do cinema na articulação de temas transversais de desenvolvimento sustentável no ensino fundamental do município de Parintins-Amazonas-Brasil”

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