AUGUSTO BERNARDO CECÍLIO – O potencial inovador dos Gêmeos Digitais na indústria local
A quarta revolução industrial, marcada pela integração de tecnologias digitais avançadas no ambiente de produção, trouxe consigo uma inovação silenciosa, porém poderosa: os gêmeos digitais. Essa tecnologia, que parecia pertencer ao terreno da ficção científica, está rapidamente se tornando uma realidade presente e essencial na indústria local.
Os gêmeos digitais são representações virtuais precisas de objetos, sistemas ou processos do mundo real. Eles refletem em tempo real o comportamento e as características desses elementos, utilizando uma variedade de tecnologias avançadas, como Internet das Coisas (IoT), simulação avançada, modelagem 3D, análises de dados em tempo real, Big Data e inteligência artificial.
Segundo Ricardo Moura, gerente de projetos da Fundação Desembargador Paulo Feitoza (FPFtech), esse conceito encontra suas raízes na analogia com os gêmeos idênticos no contexto biológico. Assim como os gêmeos biológicos são cópias genéticas um do outro, os gêmeos digitais são representações virtuais precisas de objetos reais. Eles são utilizados em diversas áreas, como na indústria, na engenharia e na saúde, utilizando tecnologias modernas, incluindo Realidade Aumentada e Realidade Virtual.
Na FPFtech, os gêmeos digitais são uma prática constante para elevar a competência dos pesquisadores em tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0. Isso permite o desenvolvimento de sistemas ciberfísicos, contribuindo para a maturidade industrial dos processos dos clientes.
Para exemplificar a aplicação bem-sucedida dos gêmeos digitais, destaca-se o caso da TPV, indústria de eletrônicos localizada no Polo Industrial de Manaus. Rômulo Fabrício, gerente técnico sênior de P&D da TPV, compartilha como a parceria com a FPFtech trouxe benefícios significativos, embora tenha demandado adaptação da cultura em diversos setores da empresa.
O projeto T800, de automação industrial, representou um desafio significativo para a TPV. Inicialmente, a equipe enfrentou dificuldades em se acostumar com a ideia de pensar de forma digital na indústria 4.0, algo novo para muitos. No entanto, os resultados foram notáveis, com os gêmeos digitais de eficiência energética contribuindo diretamente para a certificação ISO 50001 da empresa.
Apesar dos desafios enfrentados, como a adaptação da cultura organizacional à era digital e a necessidade de flexibilidade nas automações para atender à diversidade de produtos, a TPV registrou resultados positivos. A empresa está no processo de aculturar sua equipe, enfatizando a importância da captura, processamento e análise estruturada dos dados.
É importante ressaltar que o funcionamento adequado de um gêmeo digital requer uma infraestrutura robusta, especialmente em termos de conectividade. Tecnologias como o 5G desempenham um papel fundamental nesse sentido, garantindo baixa latência e tempos de resposta rápidos.
Em resumo, os gêmeos digitais têm o potencial de transformar as operações das empresas locais, tornando-as mais eficientes e preparadas para os desafios da Indústria 4.0. Seja na otimização de processos de produção, na simulação de novos produtos ou no treinamento de colaboradores em ambientes virtuais, essa tecnologia está pavimentando o caminho para o futuro da indústria local.
*O autor é Auditor fiscal e professor.