ROBÉRIO BRAGA – Dever de correção
Ainda findava o ano de 2024 quando constatei, de bom grado, que o prédio sede da ESAT- Escolar de Artes e Turismo da Universidade do Estado do Amazonas, na Rua do Leonardo Malcher com Rua do Major Gabriel, de cuja unidade de ensino fui o primeiro diretor aquando da criação e instalação da UEA, teve a sua apresentação exterior inteiramente reformada, com obras e serviços de engenharia de conservação que, de há muito, se faziam necessárias.
Edifício que pertenceu à EMBRATEL – Empresa Brasileira de Telecomunicações durante vários anos, muito bem construído, foi o primeiro prédio adquirido pelo governo do Estado para a Universidade, logo nos primeiros tempos em que o governador Amazonino Mendes criou a instituição e conferiu ao professor Lourenço Braga a incumbência de torná-la realidade, desde o primeiro ato e após uma reunião informal em sua residência em uma manhã de sábado.
Escolhido pelas condições físicas ideais que oferecia, localização, acessibilidade e, principalmente, custo de aquisição, quando identificado, o prédio foi visitado por grupo de assessores do governador e pelo reitor os quais, de logo, verificaram que a edificação preenchia as condições exigidas para a ocasião, pois era capaz de acolher vários serviços, inclusive a biblioteca central, os cursos de artes e de turismo e até mesmo o de Direito e o de mestrado em Direito Ambiental, como sucedeu pouco depois.
Resolvida a questão documental, com todo o critério justo e legal necessários, o reitor expediu portaria dando o nome do professor Samuel Benchimol à primeira unidade da nova Universidade, em justo reconhecimento à expressiva – expressiva e qualificada – contribuição que o ilustre mestre prestou ao ensino, às artes, às letras, à economia do Amazonas, e à Amazônia, razão pela qual mereceu o destaque honroso.
Para tornar a decisão devidamente conhecida do grande público, não só dos universitários, professores e servidores da Casa, o reitor mandou inscrever, na placa de inauguração e em totem disposto na via pública, o nome do professor Samuel Benchimol em letras visíveis, de modo que a sociedade amazonense tomasse conhecimento que a Universidade reconhecia, logo nos seus primórdios, o papel de educador e amazonólogo.
Para minha surpresa, as recentes obras de recuperação das fachadas do prédio que se faziam necessárias como disse acima – resultaram em suprimir do totem da via pública o nome do ilustre professor, preferindo indicar que se trata, unicamente, da sede da Escola de Artes e Turismo da Universidade do Estado do Amazonas.
Lamentável omissão e desconhecimento da importância que o mestre teve na educação superior amazonense, na projeção do Estado no campo das letras, da pesquisa documental na Europa sobre a Amazônia, das artes como incentivador de criadores culturais e como cidadão cônscio de sues deveres com o País e a sociedade. Por isso, é urgente que a Universidade adote providências para recompor a placa e fazer incluir o digito seguinte: Edifício Professor Samuel Benchimol, por ser da mais lídima justiça, por ser dever de correção e para impedir o apagamento da memória universitária.