terça-feira, dezembro 9, 2025

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PF apreende vídeo da “festa da cueca” e intensifica investigação contra Sergio Moro

A gravação estava guardada nos arquivos da própria vara comandada por Moro durante o período mais intenso da Lava Jato, entre os anos 2014 e 2018

DEAMAZÔNIA BRASÍLIA – A Polícia Federal (PF) localizou e apreendeu um vídeo conhecido como a “festa da cueca” durante uma operação realizada no dia 3 de dezembro na 13ª Vara Federal de Curitiba, unidade da Justiça Federal que ganhou destaque por abrigar parte da Operação Lava Jato.

A descoberta, autorizada pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), complica ainda mais a situação do senador Sergio Moro (União-PR), que já vinha sob investigação por supostas irregularidades na condução de processos judiciais.

O vídeo, que até então era tratado como uma peça desaparecida ou rumor, registra um encontro em um hotel de luxo em Curitiba com a presença de magistrados e mulheres identificadas como garotas de programa.

A gravação estava guardada nos arquivos da própria vara comandada por Moro durante o período mais intenso da Lava Jato, entre os anos 2014 e 2018.

Segundo o empresário e delator Tony Garcia, a gravação seria prova de um esquema clandestino no qual Moro teria usado informações sensíveis para influenciar decisões judiciais, em especial no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Garcia afirma ter atuado como “agente infiltrado”, reunindo informações comprometedores sob a orientação do então juiz.

Advogados e bastidores
Em entrevistas recentes, o advogado Roberto Bertholdo, um dos alvos da Lava Jato, confirmou que as gravações circulavam nos bastidores da operação e que magistrados sabiam da existência do conteúdo.

Bertholdo afirmou que o material poderia ter sido usado tanto para proteger quanto para coagir desembargadores, incluindo autoridades que julgaram processos de grande repercussão nacional.

A PF também recolheu documentos físicos, mídias antigas e registros de investigações anteriores à Lava Jato, incluindo materiais relacionados a Garcia e ao doleiro Alberto Youssef, outro personagem central nos primeiros anos da operação.

Repercussão e próximos passos
A apreensão reacende o debate sobre a imparcialidade da Lava Jato e levanta dúvidas sobre práticas internas da Justiça Federal em Curitiba. A investigação, que tramita sob sigilo no STF, agora busca periciar o vídeo e o conjunto de provas apreendidas para definir se as imagens foram efetivamente usadas para pressionar decisões judiciais ou como instrumento de chantagem.

Até o momento, Moro e seus aliados não se posicionaram oficialmente sobre a apreensão do vídeo ou sobre as acusações específicas trazidas por Tony Garcia. A defesa do senador tem repetido que as alegações são infundadas e tratadas como parte de uma campanha política adversária. A investigação no STF deve avançar nas próximas semanas, com expectativa de novos desdobramentos.

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