AUGUSTO BERNARDO CECÍLIO – Nossos resíduos: amamos a Terra?
Os gases de efeito estufa são um inimigo oculto, bem próximo de nós e com efeitos nocivos gravíssimos sobre a nossa existência. Lamentavelmente e lentamente, eles vão transformando o Planeta em uma bomba-relógio, num processo avassalador e que, à luz dos acontecimentos atuais, parece irreversível.
O cidadão pode se perguntar: mas o que eu tenho a ver com isso? A resposta é: tudo a ver. Afinal, as atividades industriais e agrícolas, principais responsáveis pelo aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, existem para atender a demanda dos homens. Queima de combustível fóssil, como carvão mineral e petróleo, o desmatamento desenfreado, a geração de energia poluente, o aumento do uso de transportes, a contaminação dos recursos hídricos e o uso indiscriminado de substâncias destruidoras da camada de Ozônio fazem parte da nossa existência, sem que nos demos conta.
Tudo isso gera resíduos (sólidos, líquidos e gasosos) e é com esses resíduos que precisamos estabelecer uma convivência sustentável e pacífica. Nossa principal preocupação deve ser com a destinação correta deles. Atitudes simples como respeitar o horário da passagem do carro da coleta domiciliar municipal na sua rua já fazem a diferença. Separar o lixo orgânico do reciclável e buscar na sua cidade grupos que movimentem uma cadeia econômica/produtiva baseada na reutilização de resíduos é outra atitude primordial.
Mais uma? Devolver produtos ou embalagens ao comerciante/distribuidor, ajudando assim a reduzir o descarte de resíduos, conforme preconiza a Politica Nacional de Resíduos Sólidos, no capítulo que trata sobre logística reversa, exigida dos fabricantes/importadores.
Somente o homem pode fazer algo para reverter ou pelo menos minimizar os efeitos drásticos do processo de aquecimento do Planeta, repensando as relações de consumo, reduzindo a produção de resíduos em casa e no trabalho, adotando comportamentos política e ambientalmente corretos.
A indústria busca se adaptar às novas realidades, mas é o cidadão quem determina com que intensidade se dará as relações de consumo com os bens duráveis que ela produz. São exemplos práticos disso: os eletrodomésticos com sistemas de refrigeração, que utilizam gases hidroclorofluorcarbonetos (HCFC), os chamados fluídos frigoríficos, altamente nocivos à camada de Ozônio e que muitas vezes descartamos sem termos a consciência do mal que estamos fazendo.
Produzimos toneladas de lixo eletrônico, além de embalagens tóxicas, materiais como pet, papelão, vidro, alumínio, entre outros que podem ser reaproveitados e/ou reciclados.
Ao poder público cabe estabelecer as regras e cobrar a efetividade de seu cumprimento. Toneladas de resíduos são retiradas das ruas, rios e igarapés diariamente, porque a população acha que o problema não é dela. E esse material vai para os aterros e também se transforma em gás de efeito estufa. Não seria a hora de se aprofundar a mensagem das campanhas?
Manter a cidade limpa é o mesmo que enxugar gelo, uma tarefa quase inútil. A população precisa entender a problemática global e a importância das atitudes sustentáveis para o Planeta. O efeito estufa intensificado pelo homem é resultante da somatória de fatores, muito próximos da nossa realidade, muito mais do que imaginamos.
*O autor é auditor fiscal da Sefaz e professor
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