PF acaba com minas de garimpo subterrâneo em Maués (AM) e resgata trabalhadores

Considerado maior garimpo ilegal do país, dano ambiental em área de Maués supera R$ 1 bilhão

A operação Mineração Obscura 2 teve ação integrada da PF,PRF, MTE, MPT, ICMBio e Funai

 

DEAMAZÔNIA MAUÉS, AM – Mais de cinquenta trabalhadores em situação análoga à escravidão foram resgatados e minas subterrâneas de garimpo ilegal foram destruídas, em Maués (AM), na Operação Mineração Obscura 2, deflagrada pela Polícia Federal entre 31 de janeiro a 3 de fevereiro.

A operação conjunta da PF contou com a participação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério Público do Trabalho (MPT),  Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

Na ação, agentes inutilizaram quatro minas, oito motores e 30 acampamentos. Segundo as investigações, essa atividade ilegal em Maués produz mais de 6 quilos de ouro por dia – “um dos garimpos mais lucrativos de toda a América Latina”, de acordo com a PF.

Durante a ação, as equipes de campo constataram que os trabalhadores enfrentavam jornadas exaustivas sem acesso a direitos básicos e estavam expostos aos riscos decorrentes do uso de substâncias químicas tóxicas.

Além disso, verificou-se que a extração do minério ocorria por meio de minas subterrâneas – um método incomum e de alto risco –, e os danos ambientais já avaliados superam R$ 1 bilhão, considerando desmatamento, contaminação de lençóis freáticos e degradação de áreas de preservação.

GARIMPO DE POÇO

Os garimpeiros chamam essa modalidade de garimpo de poço, onde os trabalhadores teriam que descer em buracos profundos para retirar o minério. .

O garimpo alvo desta operação é um dos mais antigos do Brasil, sendo esta a primeira vez que a Polícia Federal realiza a desintrusão de um garimpo subterrâneo.

No local, a equipe de auditores-fiscais do Trabalho identificou indícios de que havia mais de 50 empregados, incluindo garimpeiros, cozinheiras e gerentes. Destes, apenas quatro permaneceram e foram resgatados pela equipe, enquanto os demais se evadiram ao perceber a aproximação das aeronaves.

Do ponto de vista trabalhista, os auditores fiscais do MTE confirmaram o descumprimento da ordem de interdição da atividade, emitida em uma ação fiscal anterior, e a existência de irregularidades nas condições precárias dos locais de trabalho e vivência das vítimas.

A investigação teve início a partir de denúncias de exploração de mão-de-obra degradante e uso de cianeto na extração ilegal de ouro, sendo esta operação um desdobramento da Operação Déjà Vu, que já identificara práticas semelhantes na região.

Como resultado da operação deste fim de semana, foi realizado o acolhimento e o retorno dos trabalhadores aos seus locais de origem. Dada a gravidade da situação, o Ministério Público do Trabalho irá propor uma ação civil pública para garantir os direitos trabalhistas e responsabilizar os financiadores do garimpo ilegal.

A Funai forneceu apoio logístico porque a missão foi em área reivindicada pelos povos indígenas.

LIMITES GEOGRÁFICO

Maués, no interior do Amazonas, faz divisa com as seguintes cidades paraenses: Itaituba, Aveiro, Juruti e Jacareacanga. No Amazonas, faz divisa com Apuí, no Sul do Estado, no extremo com a cidade de Apiacás, no Matogroso.

 

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